PROPOSTA DO GOVERNO FEDERAL EXCLUI ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO INFANTIL

É na primeira fase na educação que está um dos principais problemas da base nacional curricular proposta pelo MEC. O documento oficial lançado pelo governo, que define o que deve ser ensinado na escola em cada ano e a cada disciplina, não inclui alfabetização na educação infantil –o que vai de encontro a práticas educativas de países referência em educação.

A análise é de um relatório inédito elaborado por cerca de 150 especialistas brasileiros e estrangeiros, que a Folhateve acesso com exclusividade. O trabalho foi encabeçado por instituições como a Fundação Lemann, que faz parte do chamado Movimento pela Base. O trabalho durou três meses –começou logo após a divulgação da proposta do MEC.

“Não podemos ter medo de perder o lúdico ao incluir a alfabetização no ensino infantil”, diz Denis Mizne, diretor executivo da Lemann. A proposta atual enfatiza o brincar.

No Brasil, a educação infantil vai de zero aos seis anos. Hoje, essa etapa de ensino segue diretrizes nacionais estabelecidas em 2009, mas não há um currículo oficial. De acordo com o documento proposto pelo MEC, a alfabetização teria início só nos primeiros anos do ensino fundamental, ou seja, depois dos seis anos.

“Isso é mais grave do que outros problemas pontuais, o ensino de história, que tem sido tão comentado”, diz Mizne. O conteúdo de história do currículo do MEC está sendo amplamente criticado por acadêmicos por ter deixado de fora assuntos tradicionais, como Antiguidade Clássica –entre outras questões.

O relatório também aponta problemas sobre a coerência do documento (veja abaixo) e destaca temas importantes que sumiriam da sala de aula, como o ensino de gramática em língua portuguesa. Ainda de acordo com o relatório, a proposta está excessivamente longa.

Outro ponto de crítica são os descompassos na ordem em que os assuntos devem ser ensinados na escola.

Em matemática, por exemplo, há objetivos descritos no currículo do 9º ano do ensino fundamental que requerem assuntos que seriam ensinados só no ano escolar seguinte. Um deles é o Teorema de Pitágoras -relação matemática entre os comprimentos dos lados de qualquer triângulo retângulo.

O assunto, de acordo com o documento, seria ensinado no 1º ano do ensino médio. Os alunos, porém, precisariam desse conhecimento para “determinar a distância entre dois pontos quaisquer e o ponto médio de um segmento de reta localizado no plano cartesiano” já no fundamental.

Com informações da Folha de São Paulo

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