UDILSON SOARES, PARA ALÉM DO SEU TEMPO
“Se eles contarem minha história, que digam que andei com gigantes. Homens que se erguem e caem como o trigo do inverno. Mas estes nomes jamais morrerão. Que digam que vivi na época de Heitor, o domador de cavalos. Que digam que eu vivi na época de Aquiles…”
(POEMA ILÍADA)
Parafraseando Homero, grande poeta e historiador grego do século IX a.C., na sua Ilíada, sou grato à Deus por ser contemporâneo de uma das grandes personalidades sergipanas que adentrou o século XXI e nos deixou no dia 31 de março de 2020. Estou falando do cristão, poeta, professor e músico Udilson Soares Ribeiro. Sua vida e história o eleva ao panteão dos imortais.
Udilson Soares e Simão Dias/ Simão Dias e Udilson Soares são uma simbiose perfeita. São poucos humanos que suas vidas são confundidas com o local onde eles vivem, entrando no nível de Immanuel Kant e sua Königsberg. Simão Dias para Udilson não foi apenas a cidade que o acolheu ainda pequeno, vindo do município baiano de Paripiranga. Para ele, a terra da Senhora Sant’Ana mostrou-se um oásis emanando saber, cultura, música, política, religião e a possibilidade de transformar miragens em versos poéticos. Simão Dias configurou-se como sua segunda mãe, em sintonia umbilical e eterna.
Março de 2021 veio com a tristeza de quase um ano sem a presença e as palavras do sempre professor Udilson. Como lembranças, temos seus textos e vídeos compartilhados por seu filho, o professor Davi Soares, ao longo desse período. Certamente queríamos ouvir seus discursos em Latim, suas análises geopolíticas, suas formas sutis de interpretar o cotidiano, sua compreensão sempre clara da realidade brasileira, sergipana e simãodiense. Até agora já perdemos muito, mas, ao mesmo tempo, o fio da história que nos une vem perpetuando ensinamentos que gritam: Udilson Vive!!!
São poucas as pessoas que conseguem ter um olhar sobre o geral e manter-se profundamente comprometido com o específico. A capacidade de produzir textos que encantam por sua beleza universal e sua erudição tranquila é a mesma que faz chorar o aniversariante que recebe uma mensagem de WhatsApp do professor Udilson em sua data natalina.
Sentir a dor do outro! Sabendo quem é o outro! Sabendo que é o próximo! São imperativos categóricos de alguém que aprendeu a sorrir das dores da alma, entrando na galeria daqueles, como diz o filósofo Martin Heidegger, no seu “Ser e Tempo”, que não vivem pelo destino da morte, porém por ser um ser vivo, “ser pensante, isto é, meditativo”. Udilson viveu para meditar e meditou para viver. Sua história emana esperança para além do seu tempo, contagiando todos nós.
Horimo Medeiros
Sociólogo e professor do IFS
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