O roubo de água em Sergipe está na mira da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). Desde agosto de 2011, o órgão deflagrou uma série de ações de combate a fraudes na rede de captação do recurso hídrico. Até casos de furto e revenda de água foram constatados esta semana por equipes de controle de perdas da Deso em propriedades rurais dos municípios de Simão Dias e Poço Verde. No ano passado, cinco hotéis situados nos bairros Atalaia e Coroa do Meio foram autuados por fazer “gatos”.
Para o presidente da Companhia de Saneamento, Bosco Mendonça, a Operação Pega Ladrão promete o fim da impunidade contra aqueles que tiram vantagem do uso de água sem pagar, em alguns casos, até prejudicando a população. Em Simão Dias, por exemplo, os agricultores e dezenas de famílias rurais sofriam com a falta de água. A contradição é que a Deso abastece toda região Centro-Sul através do sistema integrado Piauitinga. Essa foi uma das desconfianças que levou uma equipe do órgão a descobrir o motivo de as torneiras estarem sem uma gota do recurso.
Para a surpresa da fiscalização, além da descoberta de que havia um desvio da água para grandes propriedades de terra, alguns fazendeiros estavam se beneficiando com a venda da substância roubada. “Os donos de terra faziam o gato, tiravam a água da adutora para depois vendê-la”, explicou Bosco Mendonça, citando que realidades como essa foram vistas nos povoados Pastinho, Brinquinho, Triunfo, Tabuleirinho e em outras áreas situadas em Simão Dias e Poço Verde.
A água desviada era colocada em tonéis e em caminhões-pipa par serem comercializadas entre as famílias que sequer desconfiavam da fraude. “A população acabava pagando duas vezes pela água e era altamente prejudicada. Isso é um crime que expõe a formação de uma quadrilha, porque estavam envolvidos aqueles que vendiam e transportavam a água”, considerou Bosco. Na tubulação da Deso foram encontrados furos e canos acoplados para que os desvios fossem efetuados.
Durante a varredura, o grupo da Companhia de Saneamento coletou provas, inclusive imagens, para relatar o ocorrido ao Ministério Público Estadual, que já está ciente e deve ajudar contribuir levando o caso à Justiça. No Centro-Sul, o promotor Eduardo Matos está encarregado da apuração. E a Deso garantiu que vai continuar agindo na região. A Polícia Civil também participa desse combate, fazendo a abertura de procedimentos, o que propõe que a possibilidade de prisões não está descartada e ainda podem ocorrer.
Segundo Bosco Mendonça, o trabalho da Deso é contínuo e deve contemplar todo o Estado. Depois de concluída a varredura no Centro-Sul, as equipes de combate às fraudes chegam ao Alto Sertão Sergipano. “Lá serão encontradas muitas irregularidades e já estamos fazendo todo o levantamento, ouvindo os moradores”.
Matéria do Jornal da Cidade – edição deste sábado, 28.11.2012
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